18/6/2015 - Ribeirão Preto - SP

Historiadora e jornalista revelam segredos do sucesso das biografias históricas

da assessoria de imprensa da Prefeitura de Ribeirão Preto

Uma historiadora e um jornalista protagonizaram uma das Conferências mais interessantes da 15ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão na noite de terça-feira, dia 16 de junho. Heloisa Starling, professora de história da UFMG, e Lira Netto, jornalista especialista em biografias, se reuniram para falar sobre o livro “Brasil – Uma Biografia”, lançado por Starling e a também historiadora Lilian Moritz Schwarcz há um mês, mas abordaram vários outros assuntos, como a liberação das biografias não autorizadas e as jornadas de protesto de junho de 2013.

Lira Neto perguntou por que as historiadoras optaram por fazer uma biografia e não uma narrativa da história do Brasil. “Além de dessacralizar os personagens históricos, descobrimos que a biografia nos permite aproximar também de personagens anônimos, como Zeferina, a primeira mulher líder do Quilombo Urubu, da Bahia, que recebeu as tropas do governo a flechadas”, respondeu Heloisa.

A autora admitiu que “Brasil – Uma Biografia” enfrenta uma resistência secular dos historiadores de se comunicar com quem está fora da academia, de “estourar sua própria bolha”. Ela lembrou que o fato de jornalistas como Lira Neto, que lançou recentemente a biografia de Getúlio Vargas em uma trilogia, e Laurentino Gomes (autor dos livros “1808”, “1822” e “1889”, que falam respectivamente sobre a vinda da família real ao Brasil, a Independência e a República) terem feito sucesso com história também pesou na decisão de lançar o livro no formato de biografia.

“Acho que a junção dos instrumentos do jornalismo com os da história é uma maneira muito eficaz de contar a história do país e atrair atenção de leitores de fora da universidade”, disse a escritora.

Lira Neto disse ter ficado surpreso ao encontrar intocadas pelos historiadores as cartas trocadas entre Getúlio e sua filha Alzira, que revelam as artimanhas políticas que levaram Getúlio a assumir o poder. “As cartas foram liberadas há cinco anos, mas ninguém tinha demonstrado interesse em lê-las. Quando eu fiz isso, descobri que tinha uma parte importante da história nas mãos. Daí nasceram os três livros da biografia de Getúlio”, disse o jornalista que também escreveu biografias de José de Alencar, Padre Cícero e Castelo Branco, entre outras.

O jornalista lembrou ainda que, quando o livro fica pronto, o autor perde o controle sobre a história. Como exemplo, citou que depois de lançar a biografia do marechal Castelo Branco recebeu uma ligação de um general que o parabenizou porque o livro teria recuperado a importância do “grande estadista Castelo”. “Fiquei arrasado. Me perguntava onde eu tinha errado. Dias depois, recebi um elogio de um colega dos tempos de militância que me disse que o livro mostrava claramente que o militar tinha sido um grande filho da puta”.

Heloisa afirmou que o livro foi bem recebido pela crítica e pelo público, assim como os de Lira Neto e Laurentino. Segundo ela, isso demonstra que existe uma demanda do público em saber mais sobre a história do país. “Acho que a boa recepção ao livro tem a ver com a música de Paulinho da Viola que diz ‘quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado’. Esse é o momento que estamos vivendo”.

Ao final do encontro, os dois autores sortearam um exemplar da biografia do Brasil e a trilogia de Getúlio.

A programação completa, com todos os horários das atividades da 15ª Feira Nacional do Livro, está no hotsite www.feiradolivrorp.com.br e também no aplicativo disponível para as plataformas IOS e Android.

Quem quiser folhear virtualmente a revista da programação tem essa opção no sitehttp://issuu.com/fundacaofeiradolivro.

A 15ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto tem patrocínio do BNDES, Bradesco, Banco do Brasil, Gás Brasiliano, Arteris, Petrobras e Savegnago.